O impasse entre os médicos e as operadoras de planos de saúde está longe do fim. A partir desta quarta-feira (21), cerca dez mil profissionais paralisam as atividades, até o dia 27 de setembro, e só realizam atendimentos de urgência e emergência. Os médicos pedem um aumento no valor das consultas, além da fixação de um reajuste anual dos honorários.
Na Bahia, serão afetados os clientes dos planos: Amil, Medial, Hapvida, Norclínicas/Intermédica, Life Empresarial, Geap, Cassi, Petrobras, Golden Cross e Promédica.
Motivações - De acordo com a Coordenadora da Comissão Estadual de Honorários Médicos, Débora Angeli, a paralisação é motivada por três grandes critérios. Em primeiro lugar, as operadoras Amil, Medial, Hapvida, Norclínicas/Intermédica e Life pagam um valor de R$33 por consulta, considerado irrisório pela categoria. Segundo ela, os planos não pretendem negociar com os médicos.
Debóra afirma ainda que as operadoras Geap, Cassi e Petrobrás assinaram um acordo de reajuste, seguindo a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM ), em 21 de julho passado, mas informaram, logo após, que não honrariam o combinado.
Por último, a coordenadora afirma que a Golden Cross e a Promédica apresentam propostas irrisórias. A primeira diz que pagaria R$ 52, ao invés de R$36, e a segunda R$42, ao invés de R$30.
Nacional - A paralisação, apesar de nacional, será diferenciada na Bahia. Nos demais estados, as atividades ficarão paradas por 24h, enquanto os baianos terão os atendimentos interrompidos por uma semana.
De acordo com o Diretor do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), José Caires Meira, os sindicatos de cada estado lidam com as operadoras de saúde de forma contextual. "Aqui na Bahia, uma comissão formada por profissionais do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Associação Médica Brasileira (ABM) e Sindimed, no ínício de 2011, tentou estabelecer acordos com os planos, mas as operadoras mostraram-se alheias aos pedidos", afirmou.
Segundo o diretor, os planos seguem a tabela de CBHPM, de 1990, enquanto já existe uma tabela atualizada (na 5ª edição), que quantifica os valores de pagamento aceitáveis em cerca de 30 mil procedimentos médicos. A tabela, diferente em cada região, leva em conta, por exemplo, os custos de vida em cada localidade e o valor dos materiais usados.
Adesão - De acordo com José Caires, cerca de 70% dos profissionais aderiram ao movimento. "As operadoras de planos de saúde ganham muito e pagam pouco. Esperamos, com esta paralisação, oferecer um atendimento de qualidade à população. Isso será possível com condições adequadas de trabalho", conclui.
Em nota, a Comissão Estadual de Honorários Médicos informa, que nos últimos dez anos, apesar de os planos terem aumentado as suas mensalidades em 132,97%, os reajustes de honorários médicos não chegaram a 50%.
Além disso, contam que os custos das operadoras com os usuários, em média, é de 18%, com diárias e taxas hospitalares e 60% com materiais e medicações. O médicos ganham 22%, o que consideram pouco.
Consumidor - De acordo com a superintendente do Procon-BA, Cristiana Santos, os médicos que aderiram à paralisação realizaram uma visita ao órgão, nesta quarta-feira (20), e afirmaram que a interrupção dos atendimentos não trará grandes transtornos aos consumidores, pois os atendimentos de urgência e emergência não serão interrompidos.
Entretanto, caso os procedimentos não sejam cumpridos, como foi estabelecido pelos profissionais, a responsabilidade e as possíveis punições judiciais serão aplicadas sobre o plano de saúde. "Nesta situação, a inadimplência não é do médico, mas do plano que deveria dar as devidas condições de atendimento ao consumidor", concluiu Cristiana.
De acordo com José Caires, cerca de 70 a 80 mil pessoas podem ficar sem os atendimentos em todo o Estado. "Essa é uma estimativa um pouco incerta, pois nem todas as operadoras da Bahia terão os atendimentos paralisados. As maiores operadoras, como o Planserv e a Sulamérica, por exemplo, seguirão normalmente".
Fonte: A Tarde
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